quinta-feira, dezembro 08, 2005

Saudosismo


Ando saudosa de ti, da sua voz metálica, dos seus olhos ateus. Ando saudosa do seu bom humor, da sua imprevisibilidade. Ando saudosa de me reconhecer em ti, de esperar o final de semana passar para te ver. Ando saudosa dessa sua maneira de sempre me surpreender, seja com um gesto, uma palavra não dita, uma ação não pensada.
Ando saudosa da sua inteligência, do seu bom senso, da sua maturidade que faz com que eu me sinta uma colegial. Ando saudosa de mim mesma e de como sou outra quando você está perto. Ando saudosa das minhas gafes, do meu jeito de menina boba e admirada quando olho para você, como se estivesse vendo e ouvindo a coisa mais sublime do mundo.
Ando saudosa daquele frio na espinha que arrepia meus pêlos e faz minhas pernas tremerem. Ando saudosa das suas camisas brancas, das suas calças jeans sempre tão bem apresentáveis. Ando saudosa do seus olhar na minha direção, esse seu olhar profundo que desvenda minhas idéias. Ando saudosa do seu riso meio irônico, do cheiro da sua loção pós-barba.
Ando saudosa daquele seu cantinho que guarda todo o seu conhecimento e onde um dia eu me perdi. Aquele lugar onde você muito falava e eu pouco ouvia. Ando saudosa dos seus lábios grossos, das suas mãos fortes e mágicas, dos seus cabelos negros e ralos, da sua pele morena clara. Ando saudosa do seu temperamento expansivo que ocupa todos os lugares ao mesmo tempo, da sua capacidade de ser múltiplo sem forçar um estilo.
Ando saudosa de toda essa vida que há em você, de toda essa sua energia. Ando saudosa dos meus caminhos que se perderam nos teus e agora não encontram mais o caminho de volta para a segurança.