quinta-feira, abril 20, 2006

Diário de bordo

Voltei do Maranhão no domingo à noite de um congresso que fui a trabalho (mais uma vez!). A viagem foi boa e tranqüila e tive ao meu lado a companhia gigantesca e pesada de James Joyce e seu Ulysses, se bem que pouco ou nada me concentrava na leitura devido as conversas e risos constantes ao meu lado. Mas que importa! sou uma jovem e eficiente profissional e fui a mais um sério congresso onde um bando de manés que pensam que sabem tudo me trataram como uma perfeita ignorante, sem falar naqueles pseudo-intelectuais, estilo Mainarde, da Veja, e suas poses de "Baby conforme-se. Eu sou um gênio e você é blazé" Que mal há nisso?! Afinal são só três dias, não é mesmo! Aff.
Objetivo da viagem; colher toda sorte de informação do evento para colocar-mos na revista. Então lá fui eu bancar a repórter sem nem sequer conhecer técnicas de entrevista ou reportagem.
Enfim, São Luíz é linda, com sua arquitetura colonial bem preservada; me apaixonei pela cidade e senti uma pena horrível não tê-la apreciado como gostaria. No último dia, deliberadamente, cabulei o encontro pois estava cansada de ficar indo de um lado para o outro atrás daqueles homens de perfis brochantes e fui conhecer um pouco a cidade.
Tinha pouquíssimo dinheiro, mas mesmo assim deu para trazer um lindo e baratinho vestido e também conhecer os lençóis maranhenses. E justamente eu, que não suporto sol nem praia, tenho que admitir que aquilo é um verdadeiro paraíso. Um paraíso bem quente, mas ainda um paraíso. Depois fomos, eu e minhas três companheiras de senzala a um restaurante perto da orla e fui a única a recusar a tal moqueca maranhense; não gostei de ver tudo aquilo li junto. À noite fui ao shopping, desculpa safada para ficar um pouco sozinha e caminhar nos lugares que eu queria e também para freqüentar um dos meus locais prediletos em qualquer canto do planeta.
Voltei toda feliz para o meu cafofo, já era um pouco tarde, mas as madames que dividiam o quarto comigo ainda estavam acordadas. Quando chegamos pensei que minha chefa fosse achar insuficiente o material recolhido, mas para minha benesse ela gostou, e muito. Pasmem!
De graça ganhei um gripe pára-normal, lembrança de São Luíz e dos seus lençóis. Sinceramente, acho que sou a única pessoa que fica gripada quando vai à praia, por isso não chego nem perto.

segunda-feira, abril 03, 2006

Uma observação

Andei vasculhando meus arquivos pessoais à procura de algo interessante e que, por alguma eventualidade, ainda não haviam sido postados, mas nenhum daqueles rabiscos em folhas avulsas foram negligenciados, todos já haviam sido devidamente expostos nesse blog. Mal sinal. Sinal negativo, sinal de alerta. Sinal vermelho dizendo que eu tenho que parar um pouco, que não ando tendo tempo para mim mesma como deveria, sinal que muitas novidades ficaram antigas por falta de renovação de estímulos, sinal que minha vida está correndo num sentido não desejado. Sinal de que eu preciso me olhar mais na frente do espelho e voltar a fazer coisas que me agradam, e estão adormecidas, coisas simples como andar na praia no final da tarde, sentar e ver o mar e escrever alguma coisa sobre mim mesma ou aleatoriamente, ou ainda entrar em uma livraria e ficar folheando aqueles meus eternos objetos de desejo.
Ao contrário do que alguém pode pensar minha vida não se tornou um marasmo completo, tantas coisas aconteceram, muitas boas, muitas boas, muitas sem tempero algum, o que faltou foi a minha câmera memorial ter tido coragem de transmití-las para o papel. Faltou aquele detalhezinho instigante de sempre, aquela aguçada nas veias, aquele brilho nos olhos, só isso.
Não quero que esse blog tenha como destino o vazio, o abismo solitário e escuro. Gosto de escrever, é minha terapia. Por isso me permiti um belo puxão de orelha por deixá-lo tão à mingua e espero ter aprendido a lição, pois sem ele funcionando eu me sinto incompleta, isolada demais para tentar me compreender.