domingo, setembro 11, 2005

My Lord

A quantas anda o meu pensamento nessa hora, rindo feito uma criança tola, me deixando levar por idéias descabidas, pisando, novamente, o fértil terreno da imaginação, que me arranca para fora dos sentidos do mundo e me balança feito as folhas das árvores.
Sinto o pouco do meu bom senso sendo sacudido feito um galho frágil, me deixando levar pelo riso desenfreado e bobo, como se estivesse ouvindo a revelação da Senhora Sorte ou da Poética Cômica de Aristóteles.
Esse riso misturado com o frio na barriga, por sua vez misturado com a sensação de boca seca que me remete à estranhas emoções. Emoção de quem está sendo engolida de um vez só, de quem não está mais no próprio corpo. Esse riso nervoso de quem não sabe o que fazer, como agir; se calar ou falar.
O que seria melhor? Não sei.
Só sei que a imaginação já corroeu tudo aqui dentro e que não dá mais para voltar à normalidade esperada de uma mulher com seus vinte e poucos anos de vida, que muitas vezes se surpreende com a própria capacidade de ainda ser uma menina que treme nas bases quando não sabe o que fazer diante de situações inesperadas.
Como se portar diante dele, do seu olhar, do brilho intenso daqueles olhos que desarma o mais imponente dos generais, da voz vibrante, profunda, forte. Daquele ar de quem sabe exatamente o que vou dizer. Daquele jeito meio sádico de quem sabe que você está uma pilha e não faz nada apara amenizar o seu mal-estar.
Estou perdida nesse labirinto de rompantes que criei. Não dá mais para conter o gargalhada presa, entalada na garganta. A vontade de grita para quem quiser, ou não, ouvir que eu não consigo mais conter o desejo de outra vez rolar escada abaixo e me quebrar por inteiro; de chegar ao último degrau completamente desfeita, exausta, maltrapilha.
Berrar no alto-falante que ninguém consegue conter a euforia de estar a alguns dedos do seu Lord. Mesmo que ele não sinta o mesmo, mesmo que não passe de mais uma doce e triste ilusão e que ao acordar o mundo real te arranque desse sonho, aonde tudo é perfeito, e te leve, como se estivesse sendo aspirada pelo olho do furacão, ao planeta Terra e suas plantinhas verdes.
Então eu vou! Mesmo que não ultrapasse as fronteiras do tempo e do espaço. Mesmo que se resuma a um simples abrir e fechar de olhos. Mesmo que nada precise ser dito, esclarecido, discutido. Mesmo que seja leve ou despreocupado feito sono de criança. Mesmo que seja apenas para dizer adeus, para deixar escapulir uma lágrima, para achar que o tempo não anda, para acreditar que o universo conspira contra nós dois. Mesmo que seja para enlouquecer, para emagrecer, para tirar o sono, nos encher de culpa. Mesmo que seja apenas para assistir TV, ouvir música, ver o dia passar e a noite chegar. Mesmo que seja para cavar o próprio abismo e depois ver tudo se resumir a pó. Mesmo que seja para de novo acreditar que agora vai dar certo, que finalmente chegou a hora. E mesmo que não seja para nada disso, aqui estou, na sua frente, sem saber o que dizer, com a imaginação me carregando à força para um caminho sem volta. Aqui estou, com todos os meus erros, minhas boas e más intenções, com meu "português pequeno burguês", estou aqui e pelo menos por hoje é aqui que eu pretendo permanecer.