sexta-feira, setembro 02, 2005

Um cantinho, um violão e algumas palavras ásperas

Ambos deitado na cama iniciam um diálogo que talvez teria sido melhor se não tivesse existido. Pelo menos é isso que ela pensa. Ao fundo uma música qualquer tocando sem que nenhum dos dois prestasse qualquer atenção a ela:

Ele: A vida é mesmo uma puta e chata correria. Você corre, corre e na maioria das vezes não chega a lugar algum.
Ela: Mas poderia ser pior
Ele: Como?
Ela: Pior é quando a gente corre para chegar a algum lugar, e quando chega percebe que não era ali que queríamos estar.
Ele: É mesmo! (rs) É difícil quando a gente não consegue se encontrar. E você? Você já se encontrou?
Ela: Não, eu continuo correndo...
Silêncio...
Ele: Se eu perguntar uma coisa pra você, promete responder com sinceridade?
Ela: Claro
Ele: Você já se apaixonou?
Ela: Sempre
Ele: Você já amou?
Ela: Nunca
Ele: Você nunca amou ninguém?
Ela: É difícil definir o amor, principalmente falar sobre ele. Mas considero o amor uma coisa muito profunda e que poucas pessoas realmente conseguem encontrar. É quando numa relação um está “dentro” do outro. Não existe espaço para “eu”, só existe lugar para “nós”. Com a paixão é diferente, ela ainda nos permite um pouco de egoísmo.
Ele olha para ela... outra dose de silêncio
Ele: Você me ama?
Ela: Não!
Dessa vez um longo silêncio corta o ar. Não um silêncio de cumplicidade, mas algo constrangedor que indicar que tem coisa sobrando entre eles. Um silêncio de quem não sabe o que dizer enquanto o outro espera respostas que não virão.
Ele: Eu queria que você me amasse
Ela: Eu também queria amar você
Ele: E o que te impede
Ela: Sou muito egoísta para isso. E você, você me ama?
Ele: Se não acredita no amor por quê está me perguntando isso agora?
Ela: Sei lá, curiosidade talvez...
Ele: Não me pergunte isso agora
Ela: Por que?
Ele: Porque estou com meu orgulho ferido demais para te responder alguma coisa sincera. Eu poderia te dizer coisas que cavariam um abismo entre nós dois
Ela: Então é melhor mesmo ficarmos calados
Ele: Não! É melhor você ir embora
Ela: Você quer que eu volte outro dia?
Ele: Quero, mas agora quero que você vá embora
Ela: Então ta! Tchau
Ele: Tchau